Esta narrativa da cura de dois cegos é uma duplicata, com algumas adaptações, da narrativa de Mt 20,29-34. Aqui, Mateus a insere no bloco de dez milagres, narrados em vista de iluminar e fortalecer a fé dos discípulos, preparando-os para o discurso apostólico, apresentado em seguida. Os cegos seguem Jesus e pedem-lhe compaixão. Dirigem-se a Jesus como "filho de Davi". A tradição da volta de um descendente de Davi, messias, ou cristo, para restaurar a glória de Israel tem um caráter ideológico e foi elaborada pelas elites do Judaísmo que surgiu a partir do exílio. Vemos, agora, dois pobres cegos impregnados por esta ideologia do poder. Aí está a sua verdadeira cegueira. Jesus provoca nos cegos sua confissão de fé, tendo resposta afirmativa. Tocando-lhes nos olhos, atende-lhes o pedido feito com fé, e seus olhos se abrem. Abrir os olhos aos cegos é um dos sinais da chegada da salvação e da libertação, anunciados pelos profetas. A advertência final para manter segredo, um tanto quanto impossível, sugere a prática de Jesus em não exacerbar a imaginação popular, ansiosa por um messias grandioso e glorioso.
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
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