O Arcebispo emérito de Natal, Dom Heitor de Araújo Sales, completou 60 anos de sacerdócio, dia 3 deste mês. Para ele, há inumeráveis motivos para agradecer a Deus. E, mesmo dizendo ser difícil enumerá-los, ele destaca o fato de ter convivido, em Roma, com padres de várias partes do mundo; poder passar semanas na Terra Santa; saber que a misericórdia de Deus agiu para milhares de pessoas, por meio de “suas mãos”, entre outros motivos, inclusive durante o pastoreio, em Caicó e em Natal.
O senhor completa 60 anos de ordenação sacerdotal e certamente tem muitas razões para dar graças a Deus. Cite três dos principais fatos que mais o fizeram feliz, nesses 60 anos.
Há certamente inumeráveis motivos de agradecer a Deus, nesses 60 anos. É difícil escolher alguns. Um deles foi ter, ainda no início de minha vida sacerdotal, habitado em Roma num “convitto” (espécie de pensionato para padres estudantes nas universidades romanas) onde, durante quatro anos, fiz amizades com colegas de muitas partes do mundo, como Austrália, Nova Zelândia, Canadá, China, Filipinas, Egito, Colômbia, Chile, Venezuela, México, Argélia, Líbano, Espanha, Malta, Alemanha, antiga Tchecoeslováquia, Índia, Vietnam, Itália, etc. etc. Isto me deu um bela visão da universalidade da Igreja. Outro motivo especial de ação de graças foi sentir como a misericórdia de Deus fez passar, por minhas pobres mãos, para milhares de pessoas, seu imenso amor através, principalmente, da Santa Missa e do confessionário. Também, a grande graça de poder passar semanas na Terra Santa, em três diferentes ocasiões.
Desses 60 anos, 15 foram como bispo de Caicó e 10 como arcebispo de Natal. Que frutos desse pastoreio episcopal o senhor destaca em Caicó e em Natal?
Em Caicó, havia somente 12 padres, quase todos já de certa idade. Fechado há vários anos, a reabertura do Seminário Santo Cura d’Ars, mesmo em condições precárias em minha casa, foi certamente um ponto que continua a produzir muitos frutos. Já saíram de lá mais de quarenta sacerdotes. A restauração do Diaconato Permanente foi outro ponto que trouxe muitos frutos. Hoje, com mais de 20 diáconos, trabalhando pelo Reino de Deus. A instalação de um mosteiro feminino contemplativo, o mosteiro das Clarissas, trouxe a presença permanente do valor da vida mística, da oração incessante para o louvor do Senhor. Em Natal, o Seminário de São Pedro foi objeto de um carinho especial, retornando para seu primitivo local. Sua área construída foi duplicada. Hoje, a Arquidiocese de Natal conta com mais do dobro de sacerdotes do que quando cheguei como arcebispo. A divisão da Arquidiocese em dez vicariatos episcopais possibilitou ter um governo colegiado com reuniões mensais para avaliar toda a vida da Igreja local e para tomar providências. A restauração do Diaconato Permanente, hoje, contando com um colégio de cerca de quarenta diáconos. Uma iniciativa que tem produzido muitos frutos foi a implantação da Pastoral do Dizimo, sem a qual talvez hoje muitas paróquias não tivessem como se manter e desenvolver seu apostolado. Em preparação ao Grande Jubileu do ano 2000, foi feito um plano de Visitas Pastorais, em novo estilo, para todas as paróquias. Também, em previsão do grande acontecimento da passagem do milênio, o Santo Padre João Paulo II programou Encontros Internacionais para o clero de todo o mundo. Consegui com a ajuda da Congregação do Clero levar praticamente todos os padres para Fátima. Foi um retiro extraordinário com vários cardeais, como pregadores, inclusive o depois cardeal Van Thuan que passou 13 anos, destes, 9 em completo isolamento, nas prisões do Vietnam. Em seguida, fizemos uma peregrinação por vários lugares, como Santiago de Compostela, Lourdes, Lisieux, Rue du Bac, Ars, Paray-le-Monial, La Salete, etc. De dois outros Encontros, com grupos menores, participamos em Costa do Marfim, na África, e Guadalupe, no México. Mas, certamente, o acontecimento mais importante foi a Beatificação dos Protomártires do Brasil, no dia 5 de março de 2000. A Arquidiocese de Natal foi escolhida para fazer o pedido oficial ao Santo Padre na solene celebração na Praça de São Pedro, completamente lotada, em nome das outras quatro Dioceses.
Faz sete anos que o senhor deixou de ser titular. Como é a vida de Dom Heitor, arcebispo emérito?
Enquanto Deus me der vida e a frágil saúde o permitir, continuarei a servir à Igreja, na querida Arquidiocese de Natal.
Que conselho o senhor dá aos que estão começando a vida sacerdotal?
Amar profundamente a Igreja, total fidelidade ao Papa, servir ao Senhor na alegria de quem se doa.
FONTE: Arquidiocese de Natal
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