domingo, 22 de agosto de 2010

A PORTA ESTREITA, O QUE É? - Lucas 13,22-30

O texto deste Evangelho é formado por uma composição articulada de fragmentos de parábolas que são encontrados dispersos em Mateus. Não está em foco o aspecto atraente e grandioso do Reino, mas sim as dificuldades enfrentadas para nele entrar. Esforçai-vos por entrar pela porta estreita. Jesus, com seus discípulos, está a caminho de Jerusalém, após exercer seu ministério na Galileia e nos territórios gentios vizinhos. Agora está decidido a fazer seu anúncio em Jerusalém, centro religioso e político do Judaísmo, mesmo sabendo que está ameaçado de morte. Ele escolheu a festa da Páscoa judaica, quando se reúnem enormes multidões de peregrinos na cidade. A caminho, Jesus continua seu ensino aos discípulos, os quais, com sua formação tradicional, tinham grande dificuldade de compreender a Boa-Nova humilde e libertadora de Jesus. Alguém pergunta a Jesus se são poucos os que se salvam. Esta era uma questão em debate nos meios rabínicos, em que prevalecia a compreensão de que todo o povo de Israel, enquanto filhos de Abraão, se salvaria, enquanto as nações gentias seriam destruídas e condenadas. Foi contra esta visão elitista que se levantou João Batista, quando disse aos fariseus e saduceus que eles não se sentissem seguros em proclamar que tinham Abraão por pai. O que importa para Deus são os frutos de justiça e de amor, que conduzem à comunhão de vida universal, sem barreiras ou exclusivismos. A entrada no Reino se faz pela "porta estreita". O coração de Jesus não é uma porta estreita, mas, sim, ampla, aberta para acolher os que estão abatidos e oferecer-lhes um jugo leve e suave. A estreiteza da porta é a dificuldade dos judeus em se desapegarem de sua segurança na Lei, da sua tradição racial e, as elites, das suas riquezas. Israel, não entrando nesta porta, ficará de fora, enquanto os povos do ocidente e do oriente tomarão lugar à mesa no Reino de Deus. O profeta Isaías já anunciara o chamado de Deus a todos os povos (primeira leitura). É pela conversão, produzindo frutos de justiça e paz (segunda leitura), que se faz a inserção no Reino.

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