domingo, 19 de dezembro de 2010

CONDIÇÃO HUMANA DE JESUS - Mateus 1, 18-24

Após a morte de Jesus, as comunidades primitivas, de modo predominante as oriundas do Judaísmo, vinculadas a Jerusalém, procuraram guardar a lembrança do Jesus histórico através de narrativas orais ou escritas. Os evangelistas, ao elaborarem seus textos, recorreram a estas memórias, adaptando-as tendo em vista a consolidação da fé de suas comunidades nos diversos contextos em que viviam. O Evangelho de Marcos, o primeiro a ser escrito, é o que mais se aproxima do Jesus histórico. Marcos segue o roteiro que Lucas, mais tarde, registra em Atos dos Apóstolos em uma fala de Pedro: "É necessário que, dentre estes homens que nos acompanharam todo o tempo em que o Senhor viveu em nosso meio, a começar do batismo de João até o dia em que foi arrancado do nosso meio, um destes se torne testemunha da sua ressurreição" (At 1,21-22). Assim, Marcos inicia seu Evangelho com o batismo de João e termina com o túmulo vazio, após a crucifixão (as narrativas de aparições do ressuscitado, em Marcos, são acréscimos tardios). Posteriormente, Mateus e Lucas inserem, no início de seus Evangelhos, as narrativas de infância, com a concepção e o nascimento de Jesus. João, por sua vez, elabora o prólogo de seu Evangelho a partir do Verbo eterno de Deus que se faz carne. As narrativas de infância em Mateus giram em torno da figura de José, enquanto em Lucas giram em torno de Maria. Em Mateus, José, e por ele Jesus, é associado à linhagem davídica (filho de Davi). Em Lucas, onde a genealogia de Jesus remonta a Adão e Eva, Jesus é associado a toda a humanidade (Filho do homem) sem exclusividades raciais. Paulo, apóstolo, registra esta bipolaridade: "Segundo a carne, descendente de Davi, segundo o Espírito de santidade foi estabelecido Filho de Deus" (segunda leitura). Mateus procura apresentar Jesus como sendo o cumprimento das expectativas tradicionais do Primeiro Testamento. Assim, além da genealogia davídica com a qual inicia seu Evangelho, aplica a Jesus um texto de Isaías em que este se refere à concepção de uma jovem esposa do rei Acaz (primeira leitura). As narrativas de infância realçam tanto a realidade da condição humana de Jesus quanto sua origem divina. Pela encarnação, Deus revela que homens e mulheres foram criados para participar de sua vida divina e eterna.

Nenhum comentário:

Postar um comentário