Tendo por base o texto de Lucas 1, 39-45, no qual o evangelista nos conta a visita de Maria a Isabel, vamos procurar meditar, rezar e aprofundar esse acontecimento. Deus já havia se recordado de Isabel, que era estéril e agora esperava o nascimento de João Batista. Deus havia enviado o anjo Gabriel a Nazaré e anunciado a Maria o grande dom da maternidade divina. Naquele diálogo santo entre Maria e o anjo, ela se coloca como serva do Senhor. E como serva, parte para o serviço. Serviço solidário junto à sua prima Isabel. Maria deixa Nazaré e parte para a região montanhosa de Ain Karin, uma cidade de Judá. Com um diferencial: pôs-se a caminho apressadamente! Pressa em servir, em ser solidária. Só quem é sensível, só quem tem a experiência do amor-doação em sua vida pode partir apressadamente ao encontro do outro. Eis o exemplo!
O anúncio do filho do sacerdote Zacarias e Isabel foi feito no Templo. Recorda a centralidade do judaísmo no lugar do culto. O anúncio do filho de Maria foi feito em casa. Podemos entender que, futuramente, o cristianismo enfocará não somente o local de culto, mas a pessoa que cultua e a que é cultuada — o próprio filho de Maria. Nesse encontro de Maria e Isabel vemos o encontro do antigo e do novo testamento. João Batista, o filho de Isabel, o maior homem nascido de mulher, é o último profeta. Jesus Cristo, é a promessa do Pai encarnada no seio da Virgem Maria , a que aceitou ser serva, servidora a quem Deus havia escolhido por mãe. As duas mulheres carregavam a tradição e a esperança do seu povo de Israel.
Neste terceiro dia de nossa novena da Padroeira do Brasil, a pequena imagem de Aparecida, que é Nossa Senhora, nos recorda que Maria é modelo solidário de busca e de encontro. Nossa sociedade, nosso povo, nossos fiéis estão sedentos de encontros, de abraços, de gestos ternos e fraternos e rezam hoje inspirados neste trecho do evangelho no qual Maria é o modelo de serviço solidário.
Ao ser saudada por Maria, Isabel sente a criança estremecer de alegria em seu ventre. Maria é a arca da Nova Aliança, portadora do Evangelho, da Boa Notícia. Isabel responde a saudação dizendo ser uma honra “que a mãe de meu Senhor me visite”. Senhor é título divino do Jesus pós- ressurreição e Lucas já o coloca nos lábios de Isabel, aquela que reconhecia a divindade que Maria trazia em seu seio. Isabel e João Batista – mãe e menino – reconhecem o mistério, a graça e o fato histórico que estavam vivenciando.
Nesta visita de três meses, como uma humilde serva, Maria rezou glorificando o poder de Deus que olhou para a pequenez dessas duas mulheres. Com certeza Maria ficou com Isabel até o nascimento e circuncisão de João. Depois voltou para sua casa.
Que experiência de Deus Maria nos ensina! “Levantou-se e, apressadamente,,,”. Em tantos cantos e recantos de nosso imenso país há Marias que partem no silêncio e no anonimato, para servir e para ajudar… Na hora do nascimento, na hora da doença, na hora da morte a solidariedade torna-se vida, torna-se remédio e torna-se promessa de ressurreição. Aprendamos de Maria esta solidariedade e este serviço que se apresentaram em forma de visita e de encontro: a visitação da Virgem à Isabel.
Padre Gilberto Paiva
Missionário Redentorista
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