Nossa Senhora é sempre um refúgio para quem sofre. O fundamento desta devoção é, antes de tudo, porque Maria é símbolo do rosto bondoso de Deus que nos acolhe sempre e especialmente nas horas mais difíceis. Jesus mostrou isto no abraço carinhoso que o Pai deu ao filho pródigo em sua volta para a casa. Em nossa cultura, a figura da Mãe ajuda a perceber melhor a grandeza desse carinho acolhedor. Assim,em Nossa Senhora experimentamos o amor grandioso de Deus.
Mas as próprias dores de Nossa Senhora têm uma importância na devoção. Sabemos que ela acompanhou as contradições e sofrimentos de Jesus. Teve o parto numa estrebaria; enfrentou perseguições e a fuga para o Egito; passou pela mágoa de ver tanta oposição ferrenha contra seu Filho; encontrou com Ele desfigurado no caminho do Calvário, para ser crucificado, e ficou ao pé da cruz com Ele até o fim. Costumamos condensar esta meditação nas “Sete Dores de Nossa Senhora”, uma devoção que começou no século 13 e continua até hoje. Com isto sentimos que Ela compreende nossos sofrimentos, porque também sofreu muito.
Os Evangelhos, porém, dão um realce diferenciado para Nossa Senhora. Especialmente o Evangelho segundo João coloca Maria, a Mãe de Jesus, como Mãe da Comunidade de discípulos: “Eis o teu Filho; eis a tua Mãe” (Jo 19,25-27). Nas Bodas de Cana Ela é a Mãe que nos leva a aprender de Jesus a transformar o cotidiano da vida, a água, em caminho de vida para Deus, que se torna festa, o bom vinho, pela solidariedade, misericórdia e justiça: “fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5).
Assim, podemos compreender melhor o que a piedade cristã faz: coloca Jesus descido da cruz nos braços de sua Mãe. A dor que ela sentiu é o que logo nos comove. Mas a mensagem é bem mais profunda: ali Nossa Senhora ensina a compaixão diante do sofrimento. Ela é Mãe e símbolo da Comunidade cristã que, a partir da morte e ressurreição de Jesus, tem agora a missão de carregar as dores da Humanidade. Uma missão divina, pois em nossas mãos estão a angústia e o sofrimento das pessoas para lhes darmos o conforto que vem de Deus.
Então, em nossas próprias dificuldades e aflições, Nossa Senhora nos consola para também consolarmos. É Mãe em nossas dores e nos faz irmãos nas dores dos outros. E aprendemos com Nossa Senhora o ensino fundamental de Jesus na vida: ter compaixão.
Padre Márcio Fabri dos Anjos
Missionário Redentorista
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