domingo, 2 de outubro de 2011

O DEUS DE JESUS É ACOLHEDOR - Mateus 21,33-43


Esta parábola, desenvolvida no estilo narrativo, como algumas outras semelhantes de Mateus, parte de uma imagem que implica em uma relação de poder comum nas sociedades. Aqui temos o conflito entre o proprietário e os arrendatários. Desta relação de poder emergem detalhes de violência envolvendo ambas as partes. A sua interpretação deve ser cuidadosa, evitando-se uma imagem final de um deus violento e vingativo, a qual é muito característica do Primeiro Testamento. O Deus de Jesus é o Deus acolhedor que transforma os corações pelo amor. Conforme a narrativa de Mateus, no dia seguinte ao da denúncia do Templo de Jerusalém como tendo se tornado um covil de ladrões, Jesus volta aí, enfrentando a hostilidade dos chefes dos sacerdotes e anciãos do povo que questionavam sua autoridade. Lhes apresenta, então, a parábola dos dois filhos, um faz a vontade do pai e outro não, seguida desta parábola envolvendo a vinha arrendada, que é uma denúncia do governo teocrático do Templo de Jerusalém, que, em nome de Deus discriminava e oprimia o povo, em vez de promover-lhe a vida, e planejava a morte do próprio Jesus. A vinha, na tradição profética de Israel, representa o povo. Na primeira leitura o profeta Isaías fala da vinha, que é a casa de Israel. Quem cuida da vinha é o próprio Deus. A vinha, embora bem cuidada, não deu frutos. Esperava-se que frutificasse o direito e a justiça, mas só se viu a tirania e o clamor do oprimido. Nesta parábola de Mateus, Deus é o proprietário da vinha, que representa o povo, a qual é entregue aos cuidados de agricultores arrendatários, como uma alusão aos dirigentes religiosos de Jerusalém. A estes cabia conduzir o povo de Deus fazendo frutificar a justiça e o direito. Mas tal não aconteceu. Quando o Filho de Deus vem para colher estes frutos, não só não os encontra como será morto por estes dirigentes. A sentença final significa uma reviravolta: o Reino de Deus será tirado destes dirigentes e entregue a um povo que produza frutos. Jesus lançou as sementes de uma nova vinha. É um povo entre o qual vigora "tudo que é verdadeiro, digno de respeito ou justo, puro, amável ou honroso, com tudo o que é virtude ou louvável" (segunda leitura). O amor e a justiça unem a todos na paz e seus frutos permanecem para sempre.

José Raimundo Oliva

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