quinta-feira, 25 de março de 2010

COMPLETADOS 30 ANOS DO ASSASSINATO DE DOM ROMERO EM EL SALVADOR


Seu processo de beatificação está na fase romana

Por Gilberto Hernández García

Em 24 de março se completam 30 anos desde o dia em que Dom Oscar Arnulfo Romero, à época arcebispo de San Salvador, foi morto a tiros sobre o altar enquanto celebrava a Eucaristia na capela do hospital para doentes de câncer Divina Providência, na capital salvadorenha.
Em 15 de agosto do ano passado, data em que Dom Romero completaria 92 anos, a Igreja Católica de El Salvador realizou uma série de atividades comemorativas sobre o tema “dom Romero, esperança das vítimas”, que incluíram, além de um congresso teológico, uma série de conferências, peregrinações, marchas, celebrações litúrgicas, emissão de selos comemorativos estampados com sua imagem, exibições de filmes, a tradicional vigília da luz e outras iniciativas.
“Celebrar a memória de Romero é resgatar seus apelos pela transcendência, pela recusa dos novos ídolos que assolam nossa sociedade atual, por assumir nossa fé com uma profunda dimensão histórica, para reconhecer na antiga e na moderna face da exclusão a face de Deus”, declarou a Fundação Romero em um comunicado.
Ao lado das vítimas
O cardeal Roger Etchegaray, presidente emérito do Conselho Pontifício Justiça e Paz, no prefácio do livro “Oscar Romero: um Bispo entre a guerra fria e a Revolução”, afirma que o arcebispo salvadorenho “foi assassinado por denunciar a violência das partes envolvidas” na guerra civil que opôs o governo e a guerrilha.
“Foi morto em uma sociedade que mergulhava confusamente na guerra civil, porque há muito se havia frustrado os anseios por justiça, e ambas as partes não viam outro caminho a tomar que não o das armas”.
“Após ter dedicado toda a sua vida a servir a Deus, Romero tornou-se um profeta da justiça e da paz. Suas homilias, transmitidas por rádio, eram acompanhadas por todo o país, tanto por seus amigos como por seus adversários, porque Romero dizia a verdade... porque era uma voz humana, religiosa, fraterna. [...] Considerava seu dever falar com determinação a favor da paz, da justiça e da reconciliação”.
Dom Vincenzo Paglia, bispo de Terni-Narni-Amelia, postulador da causa de beatificação do bispo salvadorenho, disse que há dois anos ao "L'Osservatore Romano" que “Dom Romero foi vítima da polarização política, que não deixava espaço para sua caridade e pastoralidade”.
“Contrário à violência, tanto por parte do governo militar como a da guerrilha, viveu, na condição de pastor, o drama de seu rebanho”.
Falando ao periódico vaticano, o prelado acrescentou ainda que Dom Romero contava com a solidariedade de dois Pontífices, Paulo VI e João Paulo II, conforme documentado em seu próprio diário, o que representa um ponto favorável no processo de beatificação.
Dom Paglia lembrou que João Paulo II reconheceu publicamente sua figura ao visitar sua tumba, bem como quando o citou entre os mártires do século XX, orando “pelo inesquecível Dom Oscar Romero, assassinado sobre o altar”.
O Dia de Dom Romero
No contexto do 30º aniversário do assassinato, a Assembléia Legislativa de El Salvador aprovou, em 4 de março, um decreto que institui o dia 24 de março como “Dia de Dom Oscar Romero”, com o apoio da Igreja Católica, das Igrejas históricas presentes no país e de diversas organizações sociais.
A causa de beatificação de Oscar Arnulfo Romero, cujos restos mortais jazem na Catedral metropolitana da capital salvadorenha, iniciou sua fase diocesana em 1994, que foi concluída em 1996.
O processo foi então apresentado à fase vaticana no mesmo ano, e, em 1997, foi recebido por Roma o decreto por meio do qual a causa era oficialmente aceita como válida, uma vez que todos as etapas anteriores haviam sido cumpridas segundo as normas estabelecidas.

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