Os evangelistas sinóticos, Mateus, Marcos, Lucas, mencionam apenas uma viagem de Jesus a Jerusalém no fim de seu ministério exercido na Galiléia e regiões gentílicas vizinhas. Por sua vez, João, no seu evangelho, narra cinco viagens a Jerusalém no período das celebrações de cinco importantes festas religiosas do judaísmo, em torno do Templo. Em cada uma destas ocasiões, Jesus, com seu ensino e com sua prática, revela o Deus libertador e Deus de amor, questionando a doutrina e a prática do Templo. Jesus suscita, assim, a ira dos chefes religiosos de Jerusalém, apegados à sua tradicional doutrina que lhes conferia poder e prestígio. Na terceira viagem a Jerusalém, por ocasião da festa das Tendas, em um contexto de vários conflitos com os chefes do judaísmo, Jesus cura um cego de nascença. Então o homem que era cego passa a proclamar sua fé em Jesus, e por isto é expulso das sinagogas pelos chefes religiosos de Israel. Em continuidade à narrativa da cura do cego de nascença, com o longo diálogo conflitivo e revelador entre Jesus e os fariseus, João apresenta em seu evangelho a parábola da porta do redil. Neste contexto, o redil de ovelhas é imagem do povo oprimido que Jesus vem libertar e comunicar vida, desqualificando a sinagoga como local de encontro agradável a Deus. Jesus é a porta do redil onde se reúnem as ovelhas. Os autênticos pastores deste redil são aqueles que entram por Jesus. Os que vieram antes de Jesus, os fariseus e demais chefes religiosos do Templo, são ladrões e assaltantes. Não vieram para o bem das ovelhas, mas sim para roubar, matar e destruir. Esta parábola é, também, uma advertência aos fieis das comunidades para não retornarem às práticas e observâncias tradicionais, das quais foram libertados por Jesus. A sentença final exprime todo o sentido da encarnação do Filho de Deus: "Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância". Se Jesus é a porta do redil, e os autênticos pastores são aqueles que entram através de Jesus, logo a seguir Jesus também se identifica como sendo o Bom Pastor, por excelência, que consagra sua vida ao cuidado do rebanho. Em Jesus, aqueles que andavam desgarrados como ovelhas, agora encontram o pastor que os protege e cuida deles (segunda leitura). Na primeira leitura, Pedro, como um autêntico pastor de Jesus, dirige sua pregação ao povo de Israel, a quem atribui a responsabilidade pela morte de Jesus, convidando-o à conversão. A vontade de Deus é que todos, sem qualquer discriminação, se unam pelo batismo em nome de Jesus, recebendo o Espírito Santo de Amor e Verdade, no empenho do resgate da vida e da dignidade humana neste mundo, como caminho para a vida eterna.
domingo, 15 de maio de 2011
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