João inicia esta narrativa de aparição do ressuscitado tomando a mesma fonte da narrativa de Lucas: Jesus aparece entre os discípulos reunidos, anuncia-lhes a paz e mostra-lhes as chagas. Em João os discípulos estão com as portas trancadas com medo dos judeus. Este detalhe exprime a situação da comunidade de João, excluída pelos judeus, os quais, inclusive, denunciavam os cristãos aos romanos. Porém o ressuscitado liberta a comunidade do medo e lhes traz a alegria. Em João, Jesus mostra as chagas das mãos e a do lado. É a confirmação de sua identificação com Jesus de Nazaré que foi crucificado. Agora, conforme anunciara nos discursos de despedida, Jesus comunica aos discípulos a Paz e o Espírito, com seu sopro amoroso sobre eles. Em Lucas há apenas a comunicação da Paz, pois o dom do Espírito, como línguas de fogo sobre cada um, no estilo de teofania do Primeiro Testamento, é transferido para o episódio de Pentecostes, em Atos. Os discípulos são enviados em missão, com o conforto do Espírito. Suas comunidades são responsáveis pela prática da misericórdia no acolhimento dos pecadores convidados à conversão. Tomé, ausente por ocasião da aparição de Jesus, ao reencontrar os demais discípulos poderia ter acreditado no testemunho deles, afirmando sua fé sem ver o ressuscitado. Mas assim não foi. Tomé quer ver e tocar. Oito dias depois, Jesus volta ao meio deles, agora com a presença de Tomé. Vendo e ouvindo Jesus, sem tocá-lo, Tomé faz sua confissão de fé. Tomé, ao vacilar entre o ver e o crer, motivou o pronunciamento de Jesus sobre a bem-aventurança dos que crêem sem ver o ressuscitado. As narrativas de aparições do ressuscitado são um fator de convencimento da continuidade de Jesus em vida. Porém para crer na presença de Jesus entre nós não são necessárias aparições. Somos chamados à bem-aventurança dos que crêem sem verem (segunda leitura). É a fé das primeiras comunidades que viviam a partilha no amor (primeira leitura). A fé em Jesus de Nazaré, ressuscitado, que continua vivo entre nós, leva a reconhecer a presença de Jesus nos sinais do amor que se manifesta nas diversas comunidades, nas diversas culturas hoje. Assumir esta fé nos move à solidariedade global pela paz e pela vida, superando o Império da fome, da guerra, e da morte.
domingo, 1 de maio de 2011
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