Nos três evangelistas sinóticos encontramos esta narrativa sobre a identidade de Jesus. Contudo, cada evangelista lhe dá uma interpretação particular. Em Marcos, o primeiro a escrever seu evangelho, a narrativa é como que uma introdução à segunda parte de seu evangelho, caracterizada pelo caminho de Jesus em direção a Jerusalém. Nela temos o primeiro "anúncio da paixão", o qual seguido de mais outros dois, que virão, demarcarão este caminho cujo desfecho é a crucifixão e morte de Jesus. Enquanto que em Marcos o diálogo entre Jesus e Pedro é tenso, Lucas ameniza este diálogo, colocando-o em um momento de oração de Jesus e removendo a troca de repreensões entre Pedro e Jesus. Está em questão a identidade messiânica davídica de Jesus. Na narrativa de Marcos, e aqui, em Lucas, a identificação de Jesus como o messias davídico é rejeitada por Jesus. Porém, em Mateus esta identificação é exaltada. Pode-se perceber que Mateus se adapta às comunidades de cristãos judeus para as quais escreve seu evangelho.
José Raimundo Oliva
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