Marcos articula este episódio das crianças com a narrativa anterior, sobre o divórcio, e com a narrativa seguinte, envolvendo o perigo da sedução pelas riquezas, dois problemas que afetam a família. Pode-se pensar que as pessoas que chegam são pais e mães que trazem seus filhos para serem abençoados por Jesus. A repreensão da parte dos discípulos mostra uma atitude intolerante em relação aos fracos e a incompreensão da missão de Jesus. Daí o aborrecimento de Jesus, registro próprio de Marcos que prima por transmitir os traços humanos de Jesus. Contrariando os discípulos, Jesus, além de acolher as crianças proclama solenemente ("em verdade vos digo"...) a exclusão do Reino para quem não o receber como criança. E abraçava as crianças, expressão carinhosa, única no Novo Testamento, usada exclusivamente por Marcos apenas aqui e em Mc 9,36. A criança acolhida por Jesus soma-se ao conjunto dos excluídos que são chamados a participar do Reino de Deus, os impuros e pecadores, os pobres, e outros mais. Como a criança, o excluído sente-se desamparado e fraco, inseguro diante do dia de hoje e do futuro. Receber o Reino como criança significa abandonar as ideologias de poder que submetem as sociedades e renascer para a novidade do Reino de amor, fraternidade, justiça e paz.
sábado, 26 de fevereiro de 2011
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