O Papa Bento XVI falou na Catequese desta quarta-feira, 15, sobre a oração do profeta Elias e a necessidade de se abandonar os ídolos e crer apenas no Deus revelado ao Povo de Israel.
O povo eleito iludia-se em poder "servir a dois senhores", a Deus e a Baal, ídolo do qual se acreditava que viesse o dom da chuva e ao qual atribuía-se o poder de dar fertilidade aos campos e vida aos homens e ao gado. Os israelitas cediam assim à sedução da idolatria, "a contínua tentação do fiel", definiu o Papa.
"O que diz a nós essa história do passado? Qual é o presente desta história? Antes de mais nada, está em questão a prioridade do primeiro mandamento: adorar somente a Deus. Onde desaparece Deus, o homem cai na escravidão das idolatrias. Segundo. O objetivo primário da oração é a conversão: o fogo de Deus que transforma o nosso coração e nos torna capazes de ver a Deus e, assim, viver segundo Deus e viver pelo outro. E o terceiro ponto. A verdadeira adoração de Deus, portanto, é dar a si mesmo a Deus e aos homens, a verdadeira adoração é o amor. E a verdadeira adoração a Deus não destrói, mas renova, transforma, cria a verdade do nosso ser, recria o nosso coração. E, assim, realmente vivos pela graça do fogo do Espírito Santo, do amor de Deus, somos adoradores em espírito e em verdade", salientou Bento XVI.
O contexto da afirmação do Santo Padre é o episódio bíblico em que tanto Elias quanto os profetas de Baal preparam um sacrifício e rezam, e o verdadeiro Deus deveria se manifestar respondendo com o fogo que consumiria a oferenda. "Começa assim o confronto entre o profeta Elias e os seguidores de Baal, que, na realidade, é entre o Senhor de Israel, Deus de salvação e vida, e o ídolo mudo e sem consistência, que nada pode fazer, nem o bem nem o mal (cf. Jer 10,5). E inicia também o confronto entre dois modos completamente distintos de dirigir-se a Deus para rezar", explica.
Os profetas de Baal gritam, agitam-se, dançam saltando, entram em um estado de exaltação, chegando a fazer incisões sobre o corpo, até banhar-se todos de sangue. Eles confiam em suas próprias capacidades para provocar a resposta do seu "deus".
"Revela-se assim a realidade enganatória do ídolo: esse é pensado pelo homem como algo de que se pode dispor, que se pode gerir com as próprias forças, ao qual se pode chegar a partir de si mesmos e da própria força vital. A adoração do ídolo, ao invés de abrir o coração humano à Alteridade, a uma relação libertadora que permita sair do espaço estreito do próprio egoísmo para chega a dimensões de amor e dom recíproco, fecha a pessoa no círculo exclusivo e desesperador da busca de si", afirmou o Santo Padre.
Verdadeira oração
Por sua vez, "muito mais atitude de oração, ao contrário, é aquela de Elias. Ele pede ao povo para que se aproxime, envolvendo-o assim na sua ação e na sua súplica. Elias dirige-se ao Senhor chamando-o Deus dos Pais, fazendo assim implícita memória das promessas divinas e da história de eleição e de aliança que indissoluvelmente uniu o Senhor ao seu povo. O envolvimento de Deus na história dos homens é tal que também o seu Nome está inseparavelmente conectado àquela dos Patriarcas e o profeta pronuncia aquele Nome santo para que Deus recorde e se mostre fiel, mas também para que Israel se sinta chamado pelo nome e reencontre a sua fidelidade", diz o Papa.
Nessa perspectiva, o povo pelo qual Elias reza é colocado diante da sua própria verdade, e o profeta pede que também a verdade do Senhor manifeste-se e que Ele intervenha para converter Israel, tirando-o da idolatria e levando-o assim à salvação.
"O seu pedido é que o povo finalmente saiba, conheça em plenitude quem verdadeiramente é o seu Deus, e faça a escolha decisiva de seguir a Ele somente, o verdadeiro Deus. Porque somente assim Deus é reconhecido por aquilo que é, Absoluto e Transcendente, sem a possibilidade de colocá-lo ao lado de outros deuses, que O negariam como absoluto, relativizando-O. É essa a fé que faz de Israel o povo de Deus. [...] Elias, com a sua intercessão, pede a Deus aquilo que Deus mesmo deseja fazer, manifestar-se em toda a sua misericórdia, fiel à própria realidade de Senhor da vida que perdoa, converte, transforma. Israel não pode mais ter dúvidas; a misericórdia divina veio ao encontro da sua debilidade, das suas dúvidas, da sua falta de fé", explana o Bispo de Roma.
Canção Nova
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