Bento XVI alertou para o risco de que, em certos países da América Latina - cujo segundo centenário de independência de vários deles celebra-se atualmente -, sejam implementados sistemas de educação que comprometam as raízes históricas da presença eclesial na região.
"Ocasião propícia para se recordar a contribuição da Igreja Católica para a formação da identidade nacional, exorto todos os governos a promoverem sistemas educativos que respeitem o direito primordial das famílias de decidir sobre a educação dos filhos e que se inspirem no princípio de subsidiariedade, fundamental para organizar uma sociedade justa".
O Papa também citou os episódios de perseguição religiosa acontecidos no Oriente Médio, em especial no Iraque - onde os cristãos, muitas vezes, se veem obrigados a deixar a própria terra - e no Egito - recentemente, fiéis foram atacados durante oração numa Igreja em Alexandria.
O Pontífice abordou a Lei contra a blasfêmia, em vigor no Paquistão, como exemplo de norma que lesa o direito à liberdade religiosa: "É evidente que a mesma serve de pretexto para provocar injustiças e violências contra as minorias religiosas".
A violência na África - citando a Nigéria, durante a celebração do Natal - também foi sublinhada.
De acordo com o Santo Padre, tudo isso é "sinal da urgente necessidade que há de os governos da região adotaremmedidas eficazes para a proteção das minorias religiosas".
Na categoria de países em que a liberdade religiosa é garantida na Constituição, mas a vida das comunidades religiosas é difícil, Bento XVI mencionou a China - onde a Igreja vive momentos de "dificuldade e provação" - e Cuba - pedindo que o diálogo que se instaurou com a Igreja se "reforce e amplie ainda mais".
OCIDENTE
"Voltando o nosso olhar para o Ocidente, deparamos com outros tipos de ameaça contra o pleno exercício da liberdade religiosa. Penso, em primeiro lugar, em países onde se reconhece uma grande importância ao pluralismo e à tolerância, enquanto a religião sofre uma crescente marginalização".
Segundo o Papa, pretende-se que os cristãos ajam, em sua profissão, sem referência às convicções religiosas ou com leis que limitam o direito à objeção de consciência, como no caso do aborto.
"Outra manifestação da marginalização da religião, e particularmente do cristianismo, consiste em banir da vida pública festas e símbolos religiosos, em nome do respeito por quantos pertencem a outras religiões ou por aqueles que não acreditam".
Ao limitar-se o direito de os crentes expressarem publicamente a fé, "cortam-se raízes culturais que alimentam identidade profunda e coesão social de numerosas nações", explicou.
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