domingo, 3 de abril de 2011

TERÇO DOS HOMENS É NOTÍCIA NO DIÁRIO DE NATAL

Centenas de homens reunidos, com um terço na mão, entoando cantos e orações para pedir e agradecer as graças alcançadas. Se você acha que essa cena é rara de se ver, engana-se. Ela se repete toda semana em várias igrejas do Rio Grande do Norte. Trata-se do Terço dos Homens - que, como diz o próprio nome, é rezado apenas por homens -, que começou a ser celebrado em Natal em 2005 e, em um movimento de interiorização, ganhou adeptos em dezenas de cidades do estado.

Em São José do Mipibú, por exemplo, o Terço dos Homens já reuniu cerca de 500 fiéis em um único dia de oração. O número varia a cada semana, mas a igreja fica lotada invariavelmente todas as segundas-feiras, dia do terço. O mesmo acontece em Santa Cruz, João Câmara, Goianinha, e outras dezenas de cidade do estado. O comerciante Francisco Canindé Guilherme, 47, não perde um dia da oração na igreja matriz do município de João Câmara, e diz que é um momento único em sua vida. "É maravilhoso. Nós reunimos cercade 160 homens por semana, todos se sentem mais à vontade porque são só homens. Existem muitos que vão à igreja para o Terço dos Homens mas acabam não frequentando a missa aos domingos, então o terço é uma forma de aproximar os homens da igreja", analisa.

O cônego José Mario, pároco da igreja Bom Jesus, acredita que o evento religioso é um meio que a igreja utiliza hoje para evangelizar os homens. "A presença do homem na igreja era muito difícil. O Terço aproxima, congrega esses fieis. Eles se sentem valorizados e são evangelizados, recebem uma formação cristã", disse.

A equipe de O Poti/Diario de Natal participou do Terço dos Homens na igreja Bom Jesus, no bairro da Ribeira, em Natal. Era uma quarta-feira, por volta das 18h30, quando chegou ao local. Aos poucos, os homens iam entrando e se acomodando com seus terços em mãos. Cada entrevistado tinha uma história para contar de uma graça alcançada ou um pedido atendido. Todos, sem exceção, atribuem aos Terço as coisas boas que têm em suas vidas. Durante a oração, muitos se emocionavam ao ponto de derramar lágrimas. Eram homens de todas as idades, de 8 a 80 anos, e de todas as classes sociais, do mais humilde pescador ao grande empresário.

O motorista Marcos Henrique Toscano, 30, estava acompanhado do filho Diogo Toscano, de 7 anos, e do pai Heleno de Oliveira Souto, de 70. Três gerações reunidas para orar. "A gente vêm toda semana, temos muita fé em Nossa Senhora e o Terço dos Homens tem muita força. Eu trago meu filho para ele vivenciar essa fé e levar com ele pra vida dele, passando de geração a geração", disse Marcos.

COMEÇO

O Terço dos Homens foi celebrado pela primeira vez em Natal no dia 06 de julho de 2005, na igreja Bom Jesus, na Ribeira. Os empresários Eugênio Lúcio e Gilberto Andrade conheceram a celebração religiosa na Paróquia Santa Julia, em João Pessoa, e sugeriram ao cônego José Mário, pároco da igreja Bom Jesus, que também fosse feita em Natal. Os três viajaram para João Pessoa para o cônego constatar o que os dois empresários já tinham lhe contado: a presença de centenas de homens que lotavam a igreja para rezar o terço. Encantado com o que presenciou, ele aceitou o desafio de fazer o mesmo na capital potiguar.

Na primeira celebração do Terço dos Homens na igreja do Bom Jesus, 65 homens compareceram. Hoje, cerca de 300 homens marcam presença no evento toda quarta-feira. A celebração dura cerca de 60 minutos, das 19h às 20h. É feita a liturgia do dia, em seguida o padre faz uma reflexão e se inicia a reza do terço. "Procuramos não atrasar o início, porque a maioria dos homens vem direto do trabalho e já está cansada", disse o empresário Eugênio Lúcio. O contador Marcílio Pinheiro, 60, diz que frequenta o Terço dos Homens desde 2005 e não falta por nada. "É um momento de encontro pessoal com Deus e Nossa Senhora, onde a gente vem rezar e agradecer a graça alcançada, e sentir a força da oração".

DEPOIMENTO

"Em 2009 eu tive um aneurisma abdominal. Minha aorta se rompeu e eu fui internado às pressas. Fiquei 12 dias em coma, 17 dias na UTI e cheguei a receber a unção dos enfermos. Os médicos disseram à minha esposa e minhas filhas que elas podiam se despedir de mim, porque as chances de eu me recuperar eram mínimas. O cônego José Mário me visitou quase que diariamente, e era impressionante como todas as quartas-feiras (dia do Terço dos Homens, que ele frequenta) eu sentia a força da oração, uma força muito positiva. Até hoje eu me emociono muito quando lembro. Só uma pessoa ungida por Deus para chegar na situação que eu cheguei e conseguir se recuperar. Eu tenho certeza que a minha melhora, a minha recuperação, se deve à força da oração do Terço dos Homens. Aqui na igreja tem muitos exemplos e testemunhos de pessoas que alcançaram graças". Eugênio Rodrigues Lúcio, 70 anos, empresário.

Diário de Natal

Nenhum comentário:

Postar um comentário