Na celebração do Domingo de Ramos, a cada ano, se apodera de nós a mesma emoção - afirmou o Papa Bento XVI durante a sua homilia deste domingo, 17. "Quando subimos na companhia de Jesus o monte para o santuário, quando O acompanhamos pelo caminho que leva para o Alto. Neste dia, ao longo dos séculos por toda a face da terra, jovens e pessoas de todas as idades aclamam-n’O gritando: 'Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor!'".
O Santo Padre explicou que a procissão de ramos simboliza algo mais profundo. É "imagem do fato que nos encaminhamos em peregrinação, juntamente com Jesus, pelo caminho alto que leva ao Deus vivo. É desta subida que se trata: tal é o caminho, a que Jesus nos convida", disse.
Bento XVI ressaltou que os homens nutriram, desde sempre, o "desejo de 'ser como Deus', de alcançar, eles mesmos, a altura de Deus. Em todas as invenções do espírito humano, em última análise, procura-se conseguir asas para poder elevar-se à altura do Ser divino, para se tornar independentes, totalmente livres, como o é Deus. A humanidade pôde realizar tantas coisas: somos capazes de voar; podemos ver-nos uns aos outros, ouvir e falar entre nós dum extremo do mundo para o outro. E todavia a força de gravidade que nos puxa para baixo é poderosa. A par das nossas capacidades, não cresceu apenas o bem; cresceram também as possibilidades do mal, que se levantam como tempestades ameaçadoras sobre a história", afirmou o Pontífice.
O Papa disse ainda que homem está colocado no ponto de intersecção de dois campos de gravidade, de um lado uma força que nos puxa para baixo, para o mal, e de outro, a força que nos leva para o alto, para o amor de Deus. "O homem encontra-se no meio desta dupla força de gravidade, e tudo depende de conseguir livrar-se do campo de gravidade do mal e ficar livre para se deixar atrair totalmente pela força de gravidade de Deus, que nos torna verdadeiros, nos eleva, nos dá a verdadeira liberdade", completou.
Bento XVI destacou que somos demasiadamente frágeis e sozinhos, não somos capazes de "elevar nosso coração até à altura de Deus". Isso porque, disse ele, "a soberba de o podermos fazer sozinhos nos puxa para baixo e nos afasta de Deus".
O Papa destaca ainda que, na liturgia deste domingo, a Igreja nos propõe alguns elementos concretos que pertencem à "nossa subida e sem os quais não podemos ser elevados para o alto: as mãos inocentes, o coração puro, a rejeição da mentira e a procura do rosto de Deus", e complementa: "estes elementos da subida só serão úteis, se reconhecermos com humildade que devemos ser puxados para o alto, se abandonarmos a soberba de querermos, nós mesmos, fazer-nos Deus. Temos necessidade d’Ele: Deus puxa-nos para o alto; permanecer apoiados pelas suas mãos – isto é, na fé – dá-nos a orientação justa e a força interior que nos eleva para o alto”.
O Sumo Pontífice terminou a homilia com uma oração. "Manifestamos ao Senhor o desejo de nos tornar justos e pedimos-Lhe: Atraí-nos, Vós, para o alto! Tornai-nos puros! Fazei que se cumpra em nós a palavra do salmo processional que cantamos, ou seja, que possamos pertencer à geração dos que procuram Deus, «que procuram a face do Deus de Jacob» (Sal 24/23, 6). Amém".
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