O Papa Bento XVI rezou, na manhã deste domingo, 10, a oração do Angelus com milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro, no Vaticano. Na alocução que precedeu a oração mariana, o Santo Padre recordou que faltam apenas duas semanas para a Páscoa e as leituras bíblicas de hoje falam todas da Ressurreição. "Não ainda a de Jesus, que irromperá como uma novidade, mas da nossa ressurreição, a que nós aspiramos e que o próprio Cristo nos deu, ressuscitando dos mortos”, explica.
Ao falar sobre o significado da morte e que esta é como um muro que impede dos fiéis verem além, o Pontífice destacou que o coração dos cristãos é capaz de transpor este muro. “Embora não possamos conhecer o que ele esconde, no entanto, pensamos, imaginamos, expressando com símbolos o nosso desejo de eternidade”, ressalta.
Em seguida, Bento XVI recordou que ao povo judeu no exílio, longe da terra de Israel, o profeta Ezequiel anuncia que Deus vai abrir os túmulos dos deportados e os fará retornar à sua terra, para descansar em paz (cf Ez 37:12-14). Esta aspiração ancestral do homem a ser sepultado junto com seus pais é o anseio por uma "pátria" que o acolha no final dos esforços terrenos.
"Este conceito ainda não contém a idéia de uma ressurreição pessoal dos mortos, que só aparece no final do Antigo Testamento e, ainda no tempo de Jesus, não foi aceita por todos os judeus. Além disso, mesmo entre os cristãos, a fé na ressurreição e na vida eterna se acompanha não raramente de tantas dúvidas, tanta confusão, porque se trata de uma realidade que transcende os limites da nossa razão, e requer um ato de fé”, continuou o Santo Padre.
O Santo Padre enfatiza que, no Evangelho deste domingo – o da ressurreição de Lázaro - se lê a voz da fé da boca de Marta, irmã de Lázaro. Jesus que lhe diz: “Teu irmão ressuscitará”, e ela responde: “Eu sei que ele vai ressuscitar no último dia” (Jo 11, 23-24). Ao que Jesus replica: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, mesmo se morrer, viverá”.
“É esta a verdadeira novidade, que irrompe e supera todas as barreiras! Cristo abate o muro da morte, n’Ele habita toda a plenitude de Deus, que é vida, vida eterna. Por isso a morte não teve poder sobre Ele. E a ressurreição de Lázaro é sinal do seu pleno domínio sobre a morte física que diante de Deus é como um sono" (cf. Jo 11, 11), acrescenta.
Mas há outra morte, que custou a Cristo a luta mais difícil, - disse o Papa - o próprio preço da cruz: a morte espiritual, o pecado, que ameaça arruinar a vida de cada homem. Para vencer esta morte Cristo morreu e a sua Ressurreição não é o retorno à vida precedente, mas a abertura de uma nova realidade, uma “nova terra”, finalmente unida novamente com o céu de Deus.
O Pontífice conclui invocando o auxílio da Virgem Maria: “Queridos irmãos, vamos nos dirigir à Virgem Maria, que já está participando desta ressurreição, para nos ajudar a dizer com fé: 'Sim, ó Senhor, eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus' (Jo 11, 27), a descobrir que ele realmente é a nossa salvação”.
Na saudação dirigida aos fiéis poloneses, na respectiva língua, o Santo Padre recordou o aniversário da catástrofe aérea ocorrida nos arredores de Smolensk, na qual morreran o presidente polonês e outras personalidades que se dirigiam a Katyn, para comemorar um dramático episódio da II Guerra Mundial. Bento XVI afirmou aos poloneses que estaria unido em oração especial com toda nação polonesa.
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